quarta-feira, 28 de março de 2018

Como se resolve o problema de abastecimento de água em Rio Preto?





Caros amigos rio-pretenses, vivemos em uma cidade rica em mananciais e nascentes. São três rios que cortam a cidade e outros diversos que passam no seu entorno. Mesmo assim, uma Ordem de Serviço em nossa cidade é assinada para captação de água do rio Grande. Isso irá envolver a construção de 53,6 Km de dutos de captação de água e um gasto público de 14 milhões de reais.
Palavras do nosso representante municipal Prefeito Edinho Araújo, “ O abastecimento de água em nossa cidade está irregular, e esta medida é projetar nossa cidade não só para o presente como também para o futuro”.
Diante dessa situação faço uma analogia sobre o caso em Nova York, cidade mais populosa dos Estados Unidos e que vivenciou em tempos atrás algo muito parecido com a crise hídrica que estamos vivenciando em nossa cidade. No entanto, ele encontrou uma solução muito mais barata e, inclusive, sustentável.
A história mostra que em Rio Preto vemos uma administração errônea. Na tentativa de melhorias futuras no abastecimento de água, toma atitudes precipitadas e de maior gasto com o dinheiro público. Aparentemente, não existe especialistas em sustentabilidade envolvidos nesse assunto.
 Vamos aos fatos.
Na década de 1990, Nova York passava por uma crise hídrica bem mais severa que Rio Preto está passando. Havia um sério risco de racionamento permanente na cidade. O prefeito da época e alguns secretários de governo, planejavam captar água do Rio Hudson para resolver o problema. No entanto, o secretário de meio ambiente, Albert Appleton, propôs algo diferente. Resolveria a crise de abastecimento em Nova York recuperando mananciais, reduzindo o desperdício e conscientizando a população. Na prática, Nova York compraria terras na região onde estavam as represas para recuperá-las. Pagaria os fazendeiros para que conservassem a região. E iniciaria um amplo programa de troca de encanamentos e melhoria do consumo urbano, reduzindo o desperdício de 35% para 9%.  O plano custaria um décimo do projeto rival. Appleton venceu a disputa! O resultado? A cidade nunca mais sofreu com as secas, tem uma das águas mais limpas dos Estados Unidos e o consumo caiu em um terço – ainda que a população tenha crescido 13% nesse período. Para melhorar, o livro que narra como ele venceu o debate foi lançado por aqui (O Homem Que Salvou Nova York da Falta de Água, Matrix).
E um mero detalhe, este livro quem escreveu e relatou este caso foi um escritor rio-pretense  Rafael Morais Chiaravalloti, biólogo, doutor pela Universidade Colégio de Londres e ganhador de diversos prêmios na área ambiental. 
Temos uma resolução caseira em nossa cidade, mas nossos governantes municipais que não entendem nada sobre biologia e ecossistemas, preferem ter gasto maior das verbas públicas e de uma forma que jamais irá solucionar uma possível crise hídrica em nossa cidade.
Precisamos conservar a natureza, nascentes e mananciais e também estruturar nossa cidade na parte de abastecimento e canalização de água e também conscientizar desde a população adulta e até mesmo os jovens e crianças a economizar água e diminuir o desperdício.
Estima-se que cerca de 50% de todos os mananciais na região estão desmatados e o desperdício de água em nossa cidade chega a 28%!
Rio Preto é sede da Universidade Estadual Paulista, com um dos melhores cursos de biologia do Brasil, estudantes que poderiam contribuir com estudos, trabalhos e até mesmo atuando na conscientização.
E um detalhe chamou a atenção sobre o caso de Nova York, a sociedade civil claramente passou a apoiar aquilo que hoje poderíamos chamar de solução sustentável.  As pessoas se preocupam com a conta d’água, e com esta alternativa sustentável a conta de água foi reduzida 10%, ao invés de subir 40% como previa o prefeito. No fim, a maioria se convenceu de que um sistema de abastecimento moderno era do interesse de longo prazo de todos, muito mais barato e natural.
Existem soluções mais baratas e mais sustentáveis para resolver a crise da água em Rio Preto. Reduzir o desperdício e recuperar mananciais salvou Nova York da crise hídrica, e pode salvar Rio Preto também.

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