segunda-feira, 16 de outubro de 2017

A incrível arte do desencontro.





Não foi quando mandei flores naquele tarde e nem quando você me tirou da mesa pra dançar.
Foi quando conversamos pela primeira vez e disse do meu amor por séries e você, de imediato, disse odiar essa atividade. Foi quando você disse do seu amor pelo Neil Young e eu perguntei que revista maluca era essa!
Foi quando eu disse com exata certeza que tudo em todo lugar estava errado e, você com revolta, me disse que tudo estava se alinhando e se ajeitando se justificando com uma tonelada de conhecimento filosófico e uma pitada de conhecimento exotérico.
Eu me justificava com fé na minha religiosidade adquirida com muito custo durante toda a minha infância e parte da minha adolescência tendo que acordar às 8 da manhã todos os domingos para ir à missa com a minha avó e você, putz... Você rebatia falando coisas sobre ciência, tecnologia, e um pouco mais de exoterismo, claro!
Quanto ódio daquele mulher, que menina chata e que sabidona ela é! E aí eu me virei na direção dela... um segundo traduzido na lentidão sábia de um ano... quando ela mexia a mão, sugerindo um pouco de seriedade na fala ou sei lá... e quando... nossa... ela sorriu! uau! senhoras e senhores... Uau!
Aí é aquele momento que você se mantém firme próximo dela esperando o próximo assunto, para de novo, começar uma guerra e, só assim, provar o quanto ela é chata, insuportável e... linda! Meu Deus ela é linda!
Em algum momento quando tudo fica meio lento e alguém, guiado por outro alguém ou alguma coisa, parecida com essas que eu disse acreditar ou que ela acredita, resolve trabalhar e toca uma música que eu acho até bacana. Ela me chama pra dançar. Eu sou sincero e digo que tenho dificuldade até pra andar imagine dançar, mas nem! e ela, entendida de tudo diz pra que eu fique tranquilo que ela vai suportar os comentários maldosos dos outros que estão por perto.

Como ela é chata! como ela é insuportável!...Como ela é linda meu Deus!

Toca "Harvest Moon"... eu não fazia idéia do que se tratava, mas pertence aquela "revista maluca" do inicio da minha conversa.
Ela me informou isso segundos depois que a música começou a tocar porque é claro eu sozinho jamais saberia quem criou aquela incrível música.

Os opostos podem ser respostas, o equilíbrio na balança, o equilíbrio da vida. O desencontro proporcionando encontros que qualquer um duvidaria se contado por alguém que escreve textos para um blog de filósofos botequeiros, por um lobo solitário, por um palhaço de circo, por tudo que os encontros proporcionaram e criaram.

Talvez o desencontro... só o desencontro, proporcione pressa ao atender o telefone que tocou uma única vez e que faz você correr para garantir que do outro lado alguém diga : Alô!

Talvez a indiferença seja o único que proporcione que você veja o olhar e o sorriso daquela pessoa, talvez só ele faça você perceber esse sorriso, esse único segundo que parece durar um ano.

Só um período de tristeza faz você aprender o que realmente significa felicidade. Só um terremoto pode te ensinar o que significa tranquilidade. Só a vida tem o dom de te ensinar o que você está fazendo aqui! Mas pra isso você tem que viver.

Viva e perceba! permita-se!

Não abra um circo.

"...What have I become
My sweetest friend?
Everyone I know
Goes away in the end...
Beneath the stains of time
The feelings disappear
You are someone else
I am still right here..."

"...O que eu me tornara
Meu mais doce amigo?
Todos que eu conheço
vão embora no final...
Sob as manchas do tempo
Os sentimentos desaparecem
Você é outro alguém
Eu ainda estou bem aqui..."

É Johnny... Segue o rock!

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Vertical (No caminho).




Olha quem aparece de novo por aqui! Turva, escura. Um céu nublado em uma tempestade.
Às vezes te arranca um sorriso ao meio-dia e logo depois acaba com sua noite.
Você tem a sensação de que daqui pra frente vai ser diferente, que amanhã você vai acordar e seu "final feliz" estará arrumando a mesa do café.
Quando você acorda está tudo lá!... igual, imóvel, gelado, sem vida...
Você se levanta com um peso na cabeça que se justifica quando percebe que a garrafa de whisky está vazia. Dói mais quando percebe o tamanho da sua covardia ao recorrer a uma garrafa dessa bebida para ir onde gostaria de estar.
Do lado de cá, sem máscara e sem muleta, o mundo é tão chato ao ponto de acharem que você é um enganador. Chato ao ponto de ter que conviver com isso.
Quando você aprende que tem que fechar a porta quando é surpreendido com ações de carinho, quando você é alertado que isso é uma ameaça a integridade alheia e, por isso, deve sair, comece a se preocupar.
Todos nós devemos nos dar ao luxo de tentar subir, cair e tentar de novo. Quando subimos mostramos o quanto temos, quando caímos aprendemos mais e mais e, quando criamos coragem de retomar a subida, mostramos o tamanho de nossa força.

No circo já passaram muitas pessoas e várias delas me disseram o quanto a descida lhe fizeram bem mas todas elas continuam sua caminhada, tentam e, a cada tentativa, crescem.

Elas se vão... Algumas tentaram me levar, me deram suas mãos, porém, permaneci aqui.

Pra isso chamei o circo de "Desengano" e pra isso alguns chamaram o mesmo circo de "Fracasso" ou "Covardia". No final das contas eu permaneci e todos os outros se foram e quem passa por aqui ainda conhece o circo por "Desengano". Desejo sorte aos que seguem mais entendam que é difícil demais pra quem permaneci.

"...Ah, no palco da ilusão/ Pintei meu coração/ Entreguei amor e sonhos sem saber/ Que o palhaço pinta o rosto pra viver..."

Dedicado a todos que aguardam quem nunca voltará! A quem lê no escuro e que sente falta da solidão...

Segue o rock!