quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Mais uma carta.




Mesmo estando do lado de cá desse extenso mar que nos separa, ainda sim, vejo parte do que acontece aí.
Às vezes aqui na ilha faz sol mas vejo os trovões e as nuvens cinzas que pairam a sua casa.
Vejo as folhas de suas arvores ficarem amarelas e caírem. Vejo quando tudo começa a renascer e ficar verde de novo.
Quando anoitece e vejo a claridade das luzes na direção daquele pedaço de terra, mesmo não conseguindo enxergar, imagino que é uma noite de comemoração, onde as crianças brincam e os adultos sorriem.
A imensidão desse mar nos dá a sensação de que é impossível chegar até aí. A crença de que não devemos desobedecer o grande Deus dos Mares justifica e tranquiliza o que na verdade é somente covardia e medo.

Estamos na época do frio e, tanto aqui quanto aí, tudo é silêncio. Vai passar! Sabemos disso.

Logo as luzes vão clarear o céu negro da noite e, daqui, saberemos que vocês aí voltaram a sorrir.
O céu voltará a ser azul com nuvens brancas. O vento vai voltar a assoprar e tudo será como sempre foi... Não desanime!

Se caso essa carta chegar aí, do outro lado, faça festa e clareie a noite. Voltem a sorrir!


O Circo Desengano.
04/06/2019.